Quando abri a velha porteira me vi de novo criança,
Estrada de terra batida desenhada nas lembranças.
O caminho era o mesmo – estreito e cheio de curvas,
Café pronto para a colheita com abundância de frutos.
O terreiro bem pertinho pronto para secar os grãos.
Mais adiante a casa branca, onde um dia eu morei,
As duas roseiras na porta, o grande caramanchão,
O pomar do lado esquerdo do outro o mangueirão.
Bati na porta de entrada, onde mamãe me esperava.
Caminhando lentamente abraçou-me emocionada.
O banquinho de madeira, um copo de café fresco,
Tirou a fornada de pão, serviu-me com emoção.
Sentamos no alpendre da sala para a roça apreciar.
O pomar carregadinho muitas frutas para apanhar.
Pêssegos, laranjas e mangas, jabuticabas pretinhas,
Caquis, Abacates, Ameixas, mexericas madurinhas.
Mais adiante o velho engenho pra moer cana caiana,
A plantação de tomates prontinha para a colheita,
Milharal pondo as espigas, batata doce nas leiras.
Brancas maçãs do algodão enfeitavam a plantação.
O carro de boi encostado - pude ouvir o seu ranger,
Quando meu pai conduzia transportando a nossa roça.
Dois bois mansos o puxavam um berrante orientava.
Da terra saiam os alimentos para abastecer o povoado.
O riacho de pedrinhas a mina que vem da montanha.
A água ainda em fartura banha a grande plantação,
Lavoura verdinha, viçosa, aqui se aboliu as queimadas
Meu pai dizia que a terra é a mãe para ser cuidada.
Vim aqui matar saudades da minha querida família,
Meu coração sertanejo entende que de pouco precisa.
Basta estar nesta terra onde o verde faz morada,
Minha alma está em festa aqui se descobre amada!
(Ana Stoppa)
Obs. Poema escrito inspirado nas lembranças da minha infância, quando nas férias nossa família visitava um sítio de parentes na cidade dos crepúsculos maravilhosos - São João da Boa Vista/SP.