(ao brilho daquele olhar)
Quem te ensinou, doce menina,
Domar assim corações?
Ocupar tanto uma vida?
Aquecer tanto o meu sonho?
Estar tão dentro de mim?
Quem te deu tanta doçura?
Tanto calor? Tanto brilho?
Tanto poder de conquista?
Roubaste acaso da lua
A meiguice desse olhar?
Desse olhar que me enlouquece,
Que me prende e me tortura,
Que – tão doce! – essa doçura
Soube tão bem cativar?
Quem te deu, doce menina,
A meiguice desse olhar?
Se meus olhos ficam longe
Por certo buscam os teus
Que, de repente, me encontram
Roubando o brilho dos meus...
Pergunto-me, sussurando,
Porém louco pra gritar:
- Quem é que pôs, meu amor,
Tanto ímã nesse olhar?
Terá sido o beijo de outro
Ou a sede de encontrar
Beijos que aquele não sabe
Ou não consegue beijar?...
Quem é que pôs, minha rosa,
Tanto ímã nesse olhar
Que me chama, que me implora,
Que me faz viver... enfim
Que quanto mais eu me escondo
Mais está dentro de mim?...
Quem te deu, meiga doçura,
Poder pra me cativar?
Foi o doce desses lábios
Ou essa voz de ninar?
Nada disso: na verdade,
Foi o ímã desse olhar...
Curitiba, 20 de janeiro de 1986