¿Você acredita em “Anjo Da Guarda”?
Não pretendo aqui discutir a natureza material ou imaterial dos “anjos da guarda”, nem os seus fundamentos ou “desfundamentos” religiosos. Nem se são anjos designados por Deus, ao nascermos, para nos proteger durante esta vida mundana, ou se são guias espirituais, ou se são apenas crenças. Não importa. Para os que acreditam este texto é uma crônica, para os que não acreditam é um conto. Mas, podem crer, aconteceu comigo.
Tive que comparecer num tribunal criminal na condição de reclamante. Vítima de agressões verbais e físicas e de ameaças contra minha vida. Não vou pormenorizar os fatos para não perdermos o foco.
No dia desta audiência, como um “bom falso mineiro” cheguei com antecedência ao tribunal. No saguão de espera, sentado em uma cadeira encostada a uma das paredes, eu comecei a analisar o local. Era um salão morto, com paredes nuas, uma pintura que dividia a parede entre um barrado cinza médio e para cima cinza um pouco mais claro. Não havia janelas. Não havia um vaso de planta, nem mesmo um arranjo de planta artificial. Havia um quadro de avisos só com proibições: “não é permitido isso, não faça aquilo...”. As pessoas todas carrancudas, não havia um sorriso, todas vestidas de roupas tristes, homens e senhoras de ternos pretos ou cinzas. A situação e o local me deprimiram. Em momentos assim eu procuro orar e me abstrair meditando positivamente. Em uma das orações dirigi-me ao meu “anjo da guarda”, após reverenciá-lo e pedir sua proteção, em tom de zombaria (meu humor já havia se restabelecido) eu lhe coloquei um desafio: que se ele estivesse ali comigo, que me enviasse flores. Sim flores, ali, naquele momento. O que para mim era algo bem improvável mesmo para um anjo.
Os minutos avançavam e a hora marcada para a audiência se aproximava. Neste momento o saguão já estava um pouco esvaziado. Foi quando se aproximou uma mulher com uma bebê no colo. Entre as cadeiras vazias ela escolheu uma bem em frente a minha. Sentou-se e ficou brincando com a bebê por alguns instantes. Adoro crianças e estava curioso para ver o rostinho dela, foi quando a mulher sentou a criança em seu regaço virada para mim, ela era linda, baixei o rosto e chorei (na camisetinha da menina havia uma estampa de flores, em forma de buquê).
Depois disto fui chamado e tudo deu certo.
Quando recordo este dia me parece um sonho, mas é um fato.
Belo Horizonte, 14/11/2012
(imagens obtidas da internet)
Esta crônica participou, em Novembro de 2012, do concurso de histórias do Mestre Júlio Rocha e obteve a 15. colocação por voto dos "internautas" ( http://www.jrocha.com.br/historias ). Muito Obrigado a todos os amigos que votoram nesta crônica.