Irrelevâncias em prosa III - Da Solidão

Publicado por: Marcos Lizardo
Data: 05/11/2012
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Texto: Irrelevâncias em prosa III - Da Solidão Autoria: Marcos Lizardo Voz; Marta Rocha Trilha sonora: Carlos Varela - Una Palavra
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“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.”


[Versos Íntimos  (trecho) – Augusto dos Anjos]


DA SOLIDÃO

A solidão tem um lado mais triste do que o outro
Mas para qualquer lado que olho eu não vejo você...

No lado menos triste é tarde e o sol se põe,
Eu me ponho com ele como que entardecido,
Enternecido por lembranças em laranja e vermelho,
Empobrecido de não poder me ver mais no espelho,
Corroído de uma saudade tanta, como que anoitecido.

No lado mais triste quase sempre já é madrugada
E a noite atravessa um silêncio que sempre fiz,
Anda depressa uma vontade que eu nunca quis,
Essa vida assim vazia e talvez tão mal sonhada
E a equivocada impressão de que até já fui feliz.
Mas do lado mais triste da solidão não pode haver nada
E de tão calada, pobre e tão discreta a poesia nunca diz.

Ou então pouco diz de ninguém, de você e de mim
E o que diz quando tem de dizer é sempre triste assim...

A solidão é este fim de tarde que se faz sem nenhum alarde,
É essa madrugada passar incólume com essa noite atravessada,
Esse absurdo silêncio de um esquecimento que é dizer mais nada,
Este amor sonhado que aqui bem dentro do peito ainda arde...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 30/10/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3959708
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