Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal Não tem a lividez sinistra da montanha Quando a noite a inunda dum manto sem igual De neve branca e fria onde o luar se banha.
No entanto, que fogo, que lavas, a montanha Oculta no seu seio de lividez fatal! Tudo é quente lá dentro… E que paixão tamanha A fria neve envolve em seu vestido ideal!
No gelo da indiferença ocultam-se as paixões Como no gelo frio do cume da montanha Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…
Assim, quando eu te falo alegre, friamente, Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!
Florbela Espanca
Nota: Amigos, só partilhei este soneto de Florbela em minha página, não costumo publicar aqui textos que não sejam de minha autoria, porque o recitei. O intuito dessa página é o de partilhar a letra, porque algumas pessoas pediram que eu pusesse a letra para que pudessem acompahar a recitação. O intuito maior é que ouçam o soneto recitado por mim!