Sei que me esperas...
Vestida de branco
pele acetinada
virgem
morrendo
no vazio da inutilidade
Anónima e solitária
imploras
paixão, lágrimas
sonhos, raivas, decepções
ou mesmo
uma simples estória de ninar
Suportarás seja o que for
menos esse nada
que te reduz
à ínfima qualidade de matéria
fria e muda
Espera-me...
Uma noite chegarei
para roubar-te a virgindade
e salvar-te
do estupidificado anonimato
Coração nas mãos
debruçar-me-ei sobre ti
para tingir
de azul, negro ou carmim
esse branco injusto e cruel
de imaculada Folha de Papel
(In "Geometrias Intemporais")