VISITA IMPERIAL.
DOM PEDRO II VEIO
VISITAR O SÃO FRANCISCO
NUMA VIAGEM DE RISCO
DE CANSAÇO E APERREIO.
MAS PASSOU TODO O RECEIO
ADMIRANDO A PAISAGEM
ENTRE O BELO E O SELVAGEM
SE ACOMODOU NUM LAGEIRO
PRA DESCANÇAR O TRAZEIRO
DA ENFADONHA VIAGEM.
DOM PEDRO SE EXPONDO AO FRIO
CONTEMPLAVA ADMIRADO
O GALOPE RITMADO
DA CORRENTEZA DO RIO.
O SERTÃO ERA SOMBRIO
NEBLINAS COBRINDO O CHÃO
VERTENDO ÁGUA O SERTÃO
A NOITE ESTRELAS VERTENDO
O PÓ DA ÁGUA EMBEBENDO
DAS MATAS A AMPLIDÃO.
NO LIMPO DO IMPERADOR
DOM PEDRO CHUPOU IMBU
COMEU PREÁ E TATU
BEBEU CACHAÇA E LICOR.
UM ÍNDIO BAJULADOR
LHE DEU A LINDA CUNHADA
DEU BEJU COM TRIPA ASSADA
MAS CANSADO ELE DEITOU-SE
DO QUE O ÍNDIO LHE TROUXE
DOM PEDRO NÃO COMEU NADA.
DORMIU EM CAMA-DE-VENTO
BEBEU ÁGUA DE LAGEIRO
COMEU FRUTA DE FAXEIRO
TOMOU BANHO DE ASSENTO.
CAMINHANDO AO RELENTO
NO FRESCOR DA MADRUGADA
ACHOU DO ÍNDIO A CUNHADA
DEU-LHE UM TREMENDO AMASSO
E O SEU LEITO DEVASSO
FOI UMA PEDRA MOLHADA.
NO MUSEU IMPERIAL
TEM DE DOM PEDRO O DIÁRIO
UM LINDO DOCUMENTÁRIO
DA VISITA IMPERIAL.
ELE ACHAVA NATURAL
QUE DA CACHOEIRA UM DIA
A FONTE DE POESIA
DO SEU GRANDIOSO BRADO
PUDESSE SER TRANSFORMADO
EM FONTE DE ENERGIA.
O DIÁRIO TEM UM BORRÃO
DE LÁGRIMAS IMPERIAIS
SÃO SAUDADES NATURAIS
QUE TODOS TÉM DO SERTÃO.
LEVOU EM SEU CORAÇÃO
AS FLORES DA CRAIBEIRA
DO RONCO DA CACHOEIRA
LEVOU A SUA CANDURA
LEVOU DO RIO A BRAVURA
E DA ÍNDIA A SOVAQUEIRA.