A QUEDA DA QUEDA D’ÁGUA.
PAULO AFONSO SEM FORQUILHA
SEM VÉU DE NOIVA NO AR
SEM O RONCO MILENAR
SEM A ÍMPAR MARAVILHA.
OS URUBUS NÃO TÊM ILHA
AS MARGENS NÃO TÊM ANGICO
E PERDEU O VELHO CHICO
A CACHOEIRA TÃO NOBRE
OFERTA DE DEUS AO POBRE
EXTINTA EM FAVOR DO RICO.
DA CACHOEIRA A HISTÓRIA
É DE TERNURA COMPLETA
ESCREVEU GRANDE POETA
O SEU PASSADO DE GLÓRIA.
GRAVADO EM NOSSA MEMÓRIA
FICARÁ A VIDA INTEIRA
A MALDADE SEM FRONTEIRA
DE UMA BARRAGEM ENCHENDO
E A TERRA SECA BEBENDO
OS PRANTOS DA CACHOEIRA.
CASTRO ALVES TEVE PRAZER
E OUTROS TAMBÉM TIVERAM
QUE NO PASSADO VINHERAM
A CACHOEIRA ESCREVER.
MAS QUEM A VIU FALECER
COMO EU, NÃO PODERIA
FAZER LINDA POESIA
TRISTONHO ALÉM DE AFLITO
SE NÃO TEM NADA BONITO
EM CACHOEIRA VAZIA.