Culpa dos Camarões!

Publicado por: Helena Frenzel
Data: 14/10/2011
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Uma leitura para o conto Culpa dos Camarões, de Helena Frenzel.
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Culpa dos Camarões! (BVIW)

Dizem que foi assim: podre de chique, a moça conhecia vários povos e países. Línguas, falava bem mais de seis! Daí que, num evento dito, designada foi pra assessorar um rei, soberano lá de uma terra em que não se fala Português, mas outras línguas irmãs. No dia fatídico, de protocolos e horas sem passar, era ela só cansaço, pura preocupação numa cúpula em que, para o bem ou para o mal, traçam-se destinos mundiais. Era o calo do sapato, a enxaqueca e a saia justa, incomodavam também os discursos pra-boi-dormir. Pra completar, os camarões do coquetel anunciaram um motim: “Ops, agora não!” Olhou para o rei, que também a observava, e sorriu, tentando disfarçar. “Meu Deus, essa gente só fala, quero ver agir!” Saiu um chefe, o outro se preparava: “Ah não, logo o amigo do Chapolim?!” E ela se torcendo na cadeira, a pouca distância do rei. No meio do discurso do Vermelhinho, quando todo mundo já estava de Ó cheio de tanto ouvir repetições, a barriga deu nó cego e ela soube do pior. Sentindo o suor, recorreu a Deus: “Faça com que ele se cale, que chegue logo ao final...” e na crista de um tsunami intestinal soltou um “acabe logo com isso!!”, alto o suficiente para o rei ouvir e dirigir a ela, sem entender, o “Por que não te calas” mais famoso que a História já viu. Sem nada mais poder, correu ela para um banheiro, quase não dava tempo de chegar. Enquanto se aliviava, o rei tentava acabar com o mal entendido: a fala fora para ela, não para o amigo do Chapolim. O motivo?! Até então ninguém sonhava: a culpa sempre é dos miúdos, e dessa vez, dos camarões!

Texto também publicado no site BVIWtecendoletras (http://letrasdobviw.blogspot.com/) - vencedor da taça bronze na 22a. rodada de desafios com o tema 'Acabe logo com isso!'

A taça prata foi para 'Do amor ao cálculo', de Marília de Dirceu e a ouro para 'Senhora do meu tempo', de Ângela Ramalho.

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