O poeta sonha no alto do monte uma flor.
Dela brota densa e sentida, translúcida lágrima,
Como um rio manso a desfazer-se no rosto,
Caindo doidejante por entre os sulcos da face.
Cálido rosto coberto de desejos e de dor.
Como tiras de seda bordadas de fino ouro,
Dos olhos cerrados fluem imagens do tempo
Em que o brilho do dia era nítido, azul, cristalino
E as manhãs banhadas de sol, um tesouro.
Sempre lhe pertenceu, assim como o vento,
A virtude de ter tentado cem vezes, sem tréguas
Alcançar o véu fluídico da distante quimera
Que fizera do seu fardo de rimas um tormento.
Mas do vento, essa invisível figura onipresente,
Chama-lhe uma voz pelo nome: Poeta... Poeta...
"A voz dos rodamoinhos na mente simplória"
Do artista que rima e canta versos somente.
©Daniel Amaral
17-Set-2011
O poeta não é bom nem ruim se no seu peito bate um coração sincero de sentimentos... E na sua alma um desejo ardente de expressar o amor e a vida. É um poeta.