O que é o perdão?
Se o tem , me perdoa?
Todas as mágoas geradas
por meu vil desdém
e das feridas mostra-me
na carne rasgada.
há vozes gritando
a culpa que sinto
está a pesar-me na alma,
há ecos cavando
a dor que pressinto
em noites de calma...
__II__
suspensos enredos
da minha agonia,
em grande segredo,
tornaram vazia
a minha intuição.
Fiz mal? Sim ou não?
Dizei-me, perdoai-me!
Até os duendes,
escondidos e aduncos,
me negam razão.
Escondeis-vos de mim,
para que não te fira.
Ah!Tenho tesouros saídos
de cofres guardados
demónios roídos
de querer torturado
Fiz mal? Mas a quem?
A ti, bem sei!
__III__
... coisas imundas
De ideias fecundas
A treva gerada
em dúvida vã
que cobriu a minha alma
e andou apressada;
a todos levou
a ânsia e a calma
Fiz mal? Mas perdoa.
Errei por tanto amar
dos lábios não calar
__IV__
Eu choro e espero; ao vendaval que ruge
o céu manso ao qual sou cativa
Acomodei nas lágrimas à branda lei do verso
o arrependimento deitado aos acentos
da linda e ingênua macia boca
De um termo à vida,
Quem o seu viver for casar seus dias
Perdoa a dor, a fita, a asa
a palavra, dita, escrita, partida
Perdoa, pois de ti sou parte fundida,
Perdoa-me, morrer não quero ainda!