Estávamos assim, frente a frente, quando percebi a lástima infundada de minha interlocutora.
Queixava-se da incompreensão dos amigos e parentes, do abandono frequente pelos relacionamentos, sempre contraditórios, da vida sem passeios, sem companhias, sem cestas de café nas datas festivas, sem bichinhos de pelúcia após cirurgias, sem ligações frequentes...Sem graça!
Sem tantos sonhos esperados e nunca realizados, que às vezes queria deixar de viver por aqui e ir ao encontro do desconhecido!
Sem ligações! Sem companhia!
A não ser é claro solicitando seus préstimos!
Aí sempre ligavam... E é claro, ela solícita a todos atendia... Não sabia dizer não. Culpava-se quando não podia atender um pedido de familiares!
Olhei-a demoradamente sem questionar... E de repente chegamos à mesma conclusão: Não era ela a primeira a desvalorizar-se?
Como esperar em outros uma atitude diferente da própria?