Me fadiga, me fadiga

Os olhos, me fadiga a boca,

Me fadiga a vida e a poesia!

Respirar noturno de espera...

Pra que tanta prece para

O corpo que meu olhar vela?

Pra que tanta arte ao

Que não me faz parte?

Pois mais parte, do que

Fica em mim a parte

De mim que não se prende a ela!

Eu queria que tu tivesses

A ideia de como é a saída

Duma poesia de mim

Em todo os dias de estreia!

Eu queria ser da vela

A chama que abraça a oração...

Eu queria ser do recebimento,

A outra vela que presa ao mastro

Incha com o vento!

Eu queria que tu percebeste que

Nesta parte da poesia,

É a vela que recebe o vento...

Pois o mastro é o corpo

E a vela é alma!

Pois a flor que é Malva,

O perfume é espírito!

Porque poesia é

Uma coisa,

Já poema, é outra!

Tudo isto é porque

O meu gostar não

Se manifesta em ereção!

(Escutem áudio)