Eu fugiria do fogo
e da ira do tufão;
fugiria até do raio,
mas não fujo da emoção
quando tuas mãos serenas
num cumprimentar apenas
dominam as minhas mãos!
Eu fugiria de Herodes
e da força de Sansão;
fugiria da Bastilha
e da cova do leão;
da espada de São Jorge
ou das garras do dragão,
mas tuas mãos carinhosas
acorrentam minhas mãos!
Eu fugiria de Nero,
do massacre dos cristãos,
do exército de Hitler,
czares, Napoleão
ou da lava incandescente
cuspida pelo vulcão,
mas fugir eu não consigo
do carinhoso perigo
que me trazem tuas mãos!
Não fugiria, decerto.
Não se foge da emoção...
Não das algemas de seda
cingidas pela emoção;
não das correntes sonoras
da maestrina canção
na partitura suave
que embala a doce ilusão,
orquestrando a sinfonia
da mais formosa poesia
nas linhas das tuas mãos.
Não fugiria, decerto.
Não se foge da emoção...
Não fugiria do verso,
do universo de paixão
que embala a canção das aves
quando tua voz suave
sussurra qualquer canção,
transformando em sinfonia
a mais formosa poesia
das linhas das tuas mãos!
Itapecerica da Serra, 13/12/1990 – 2h48