Os deserdados do mundo
Sandra Ravanini
Os deserdados do mundo vestem-se de flores,
caminham seguros, se já viram quase tudo
nessa vida de agruras; os deserdados mudos
sorriem em lágrimas dos olhos chovendo as cores.
Estampam as multidões, transtornam as belas ruas,
falam sozinhos, e se não ouviram quase nada,
dividem o silêncio das vozes já caladas,
chovendo cores dos olhos, sorrindo à velha lua.
E bebem os sonhos das lembranças coloridas,
sorriem do nada, se já falaram quase tudo
à viva multidão silenciando ante olhos mudos
dos deserdados chovendo lágrimas de vida.
Os deserdados do mundo vestem-se de cores,
caminham sozinhos, se não sonham quase nada
nessa vida de silêncios e de ruas caladas,
bebendo os sonhos belos e esquecendo-se das dores.
15/05/2011