Lenta decomposição poética, em suas linhas retas a difundir-se sobre meus ais. Buscando um não sei que, não sei onde, qualquer nunca mais...
Um coração queimando nesse tal cotidiano, retalhando as emoções guardadas num talvez audaz...tristezas súbitas em dias habituais, tão cordiais... Diriam os poetas: "palavras mortais!" Diriam os insensíveis:" nada demais!" Pequenos absurdos, nesta cólera de injustiça, movendo-se entre sombras movediças...O pranto d'um sonho desfeito...particípio rarefeito...
Resta-me o silêncio desentranhado. Neste vago de tudo que já foi, mesmo não o sendo...no silêncio incapaz que me adorna a face, um falso heroísmo estático...este sorriso fraco dentro da treva interna. Me diria o universo:
"Oh, mulher e seus tormentos! O tempo não para e tuas lágrimas se evaporam sobre o ar. Segues teu destino, deixe teu mar transbordar...de certo tudo vai passar!"
Nada escuto, nessa vaidade de não querer essa coragem indizível , de abandono sem remissão, a refletir-se em olhares sem histórias. Esse falar baixo para com tudo que existe...uma vaga inércia... irredutível recusa à poesia não vivida, numa catedral em ruínas absortas, com o amanhã que não têm ontem, nem hoje. Buscando a porta quem sabe inexistente...
Me permito morrer, sempre em vez, de repente...a cada instante ausente, que não pude ser...esse insaciável querer...mas não o ter. Dor me desespera nesta explosão sincera, em que amores sufoquei calando...padecendo as primaveras de vãs promessas, de palavras inquietas...