Procuro por moça prendada, delicada e multicor
Que lave e passe, seque e cozinhe
Seja bilíngüe e me tenha amor
Que possa me dar sete filhos
E ainda assim manter-se fina como flor
Que seja mãe, esposa, trabalhe fora,
Bote minha janta na hora,
Perfeita mulher de cantor.
Eu conheci uma mocinha
Tão prendada, delicada, multicor
Quando o sol foge sua pele "desrosea"
E seu cabelo também muda do que era no calor
Eu insisti, eu a puxei, peguei no braço
Não deixei dar um passo, só assim ela falou
Seu estranho nome: DORALACALACALENA
Disse ter sido problema de pronúncia do avô
Um velho polaco gordo, fanho, rouco, gago, estúpido e estabanado,
Mas o bom velho a criou
Mas insistiu com aquela voz de Pato Donald
Até que o homem do registro numa hora se irritou
E Doralaca até que tinha seus encantos
E eu quase que em prantos dei fim ao que nem começou
Pensei comigo: "DORALACALACALENA lá é nome que se preze para mulher de cantor?"
Soltei os bichos, pois fiquei muito irritado
E irado eu procurei o seu Honório, o tal avô
_ Peça perdão a essa menina seu Honório, para que o sanatório não alcance o senhor. Agora olha o nome que a pobre carrega, ela podia ser até menina mulher de cantor. Mas, nessa roça, vai seguir sua vidinha essa coisa comezinha e a culpa é do senhor.
Pobre Doralacalacalena, que problema. Ela me disse que eu quem era comezinho, pois nome trás carinho e nem influi em seu amor.
E foi a luta Doralacalacalena resolver o seu problema que era culpa do avô
O presidente ficou muito irritado com a história do polaco que ela em carta lhe contou
Trocar de nome é mesmo coisa complicada, mas o próprio presidente do Brasil autorizou.
E eu procurei Fernanda Lourdes Albuquerque
A qual o sobrenome era de Almeida Souza Abreu
Esse era o nome que Doralacalacalena que em carta ao presidente ela me disse que escolheu
Eu insisti, eu a puxei, peguei no braço
Não deixei ela dar um passo e só assim me respondeu
Que aquela moça delicada
Multicor e tão prendada
Para mim, simples cantor, morreu.