Em alguns momentos desta existência celerada, acabo dormindo acordado.
Estes malditos pensamentos me assolam como tempestade ácida,
Transformando os dias cinzentos em eternas noites de chumbo.
Não há só tédio e ou insônia! Não é só dor ou desalento...
É como se um ser de sombra, sem vida, sem cor tomasse meu eu.
Como se ao comer, nenhum sabor mais sentisse.
O paladar morre, a língua necrosa em anestesia.
Os dentes tornam-se objetos de demonstração,
Da decadência, ostentada num colar/coleira.
Estes malditos pensamentos tornam-me um ser inexpressivo,
Uma sombra num mar sombrio, no vórtice putrefato da humanidade.
Tenho me tornado vazio como um buraco de entropia.
Tão assemtimental quanto os fósseis do petróleo desses automóveis,
Que fazem o dia ficar ainda mais cinza,
E que com suas buzinas me despertam para a realidade de caos e de sombras,
Que é viver nessa cidade vazia de gente e cheia de penumbras.