Tributo à Virgem violada (Amazônia)
Sandra Ravanini
Decepa a raiz e deita o cruel machado insano,
escorre a seiva espessa e morre o verde pela raiz,
e mais: a pele na pele do verdadeiro animal,
entregue foi a Virgem tal qual meretriz,
maldita a foice que desce em ato profano.
Aqui jaz: Amazônia, jamais!
Violada foi a fonte tão pura um dia,
hoje, o vermelho mercúrio contamina seu veio,
pois, veio o homem trazendo a chaga e a destruição,
violentando a Virgem e rasgando-a ao meio,
um dia, pedras preciosas; agora, uma lápide fria.
Aqui jaz: Amazônia, nunca mais!
Devolvam o corpo da Virgem!! chora o cara-pálida,
campo sagrado... resta um cemitério aos de pele amarela,
deflora a flora que implora, e a mão do carrasco executa a pena de morte,
e dela resta o tronco desnudo, e o doce Nióbio da terra.
Morte a Ela!
Era uma vez uma terra encantada...
Aqui jaz: Amazônia, descanse em paz!
02/08/2005