Estranhezas
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Liily acordou com um enorme bocejo, pulou da cama, calçou suas pantufas de algodão colorido e foi direto à janela para cumprimentar as ninfas de seu jardim, mas ao abrir as cortinas levou um susto, esfregou as mãozinhas nos olhos para espantar o resquício de sono, pois talvez estivesse tendo um pesadelo atrasado, mas não, tudo era real, um real meio que irreal, se é que me entendem. Na verdade nem Liily soube precisar direito o que a assustara, tudo o que se sabe é que as coisas estavam estranhas e não foi só ela que percebeu não, as ninfas provavelmente também tinham sentido alguma coisa, pois não havia nenhuma sequer no jardim. Estranho... Pensou Liily.
Sem mais delongas Liily foi correndo a casa de Taric; se tem alguém que entende das coisas é ele.
Por todo o caminho aquela estranheza permanecia era como se o ar estivesse pesado, mas tão pesado, que a sensação era de que ele poderia desabar a qualquer momento.
Ao chegar à entrada do local onde Taric morava, uma espécie de fenda ao chão, Liily teve de respirar fundo como sempre fazia, não conseguia entender o gosto das formigas em questão de moradia, para ela tudo tinha que ser bem aberto, amplo e claro; mas ali não, ali era estreito, escuro e fechado, porém ao adentrar o longo corredor sentiu-se de certa forma segura, é que dali não era possível ver o estranho ar que predominava lá fora, com certo alívio e ao mesmo tempo apreensão, foi descendo o íngreme corredor cuidadosamente, passando por varias casinhas de formas arredondadas, até parar enfrente ao número 1354.
---Taric. Taric? Chamou, como ninguém respondeu, entrou. Procurou por toda a casa. Nada.
---Ué, onde será que ele se meteu?
Estava tentando imaginar, quando um barulho à porta a assustou, Liily deu um grito, fazendo com quem estivesse entrando na casa se assustasse também.
---Taric?! Falou exasperada.
---Liily? Que susto me deu!
---Você que me assustou, onde estava?
---Eu? Hã, bem... Estava na casa do Ruivão, sabe aquele formigão do 307, pegando uns livros emprestado.
---Mais livros??
---Oras! Quanto mais melhor! Afinal quanto mais se ler mais inteligente se fica.
---Falando em inteligência foi por isso que vim aqui, quer dizer você costuma ser inteligente, não é? Então por isso eu vim, para te perguntar, percebeu como o ar esta estranho? Bem mas é claro que percebeu como não perceberia? Na verdade o que quero dizer é, sabe o que esta acontecendo? Disparou Liily num fôlego só.
---Nossa calma Liily. É eu percebi sim, e foi por isso que fui ao Ruivão, ele tem uma biblioteca enorme, você precisa ver Liily, ah... e aquele livro que mostra todo o reino de... Ia dizendo Taric sonhadoramente até ser interrompido por uma fadazinha bem irritada.
---Taric! Não quero saber sobre nenhum outro reino, quero saber o que esta acontecendo com o nosso Bosque!
---Ah sim, me desculpe. Err... Quero dizer eu não sei o que esta acontecendo, mas é por isso que fui buscar os livros, para vê se encontro alguma coisa, não quer me ajudar?
E assim se puseram a ler e ler todos os livros que Taric tinha mais os que ele buscara, leram livros de ciência, estudo sobre o ar e até um livro sinistro do Ruivão que falava de coisas sinistra que já haviam ocorrido naquele reino, mas para Taric, aquelas historias não passavam de lendas e de qualquer formas todas haviam supostamente ocorrido muito longe dali.
---O problema é que não sabemos qual é o problema! Disse Taric desolado. --Sabemos que o ar esta estranho, mas não sabemos o que é “O” estranho. Continuou.
---Eu acho que ficar enfurnado aqui dentro lendo livros não irá resolver nada, é melhor irmos lá fora ver se descobrimos alguma coisa
---Mas Liily, pode ser perigoso!
Liily não respondeu, mas olhou para ele de um jeito, mas de um jeito, que Taric ficou grato por ela sequer ter abrido à boca. >>
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