Ah! O amor não tem corpo? Talvez lhe falte, sim, cabeça. Porém, há chibatadas no tronco e muita dança de membros. Induz a que se fique sem pernas porque embala esperança nos braços. Mas trucida até a morte a inocência e deixa o sonho com sangue nas mãos. Como suportar tal peso nos ombros? É inútil tentar manter os pés no chão quando se nota a corda no pescoço. A provocação incessante de olhos vermelhos não se resolve com mero jogo de cintura. Afinal, juras de amor feitas nas coxas se transmutam em inevitável pé na bunda. Já retalhei e esgarcei meu peito, retirei as vísceras da alma e, em vão, busquei meu coração. Ele foi extirpado enquanto ainda palpitava. Vasculhei tudo e só há suspiros; alguns de saudade e muitos de angústia. Arrependimentos brotam à flor da pele. Definida está a “causa mortis”: egoísmo crônico, falsidade aguda e indiferença generalizada. Hora da morte: para sempre!