BAILE DE MÁSCARAS
Uma parte da memória é sofrido, Fado
dói como uva verde partida entre os dentes
Uma parte da memória tem semblante e contornos
está no ranger dos móveis e no dissabor súbito das lágrimas
Uma parte da memória chora ausência de um você
quando a chuva toca na pele, fogem alguns vocábulos (?)
Uma parte da memória é muda e Inviolável
não sei como às vezes não enlouqueço...!
Uma parte da memória acena um lenço
no solo da perseverança e no osso da inconstância
Uma parte da memória esbarra em meio... ao Quase
no interior da boca do vento querendo Paz
Uma parte da memória cava e escava
naus e couraças de luzes apagadas
Uma parte da memória afia as unhas em silêncio
contra muralhas fragmentando versos loucos
Uma parte da memória bate nas mesmas páginas
recordando que minh' alma cansada não deve nada
Uma parte da memória são pegadas na areia
escuto os cascos dos galopes nas praias
Uma parte da memória se confunde na pulsação
escondendo-se de um anjo e da palavra Amor
Uma parte da memória baila por trás das máscaras
da Aurora ao nascer das estrelas sem aplausos nem teatro
Um parte da memória caminha nas horas dos ponteiros
em um reacender poético indispensável dentro de Nós
Uma boa parte desta história, é pingo d'água...
Rosangela_Aliberti
São Paulo, 29.III.07
Foto Mark Freedom