Diário

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Sandra Ravanini

Não sei mais de mim, o tempo é relapso;

o pensamento atravessa os foscos canais,

o alento sopra o sermão de um colapso

redizendo pra água chorar meus temporais.

Aclimação! Rever a vencida moeda

polindo o mesmo semblante metálico,

aliviando a ferrugem da face cega

na vazante envenenada do hálito.

Um discurso sem dó, palavras e motim

apontam a abrupta luz da escuridão,

outro caminho tão só, não sei mais de mim;

sonhei-me bebendo a água da minha ilusão.

Fecho a página do endurecido diário

transportando os sentimentos do meu nanquim,

desdizendo o alento no coma sumário

e abraçando estrelas frias... vou sem saber de mim.

11/02/2007