OFERTÓRIO
Bago a bago
me sirvo em goles,
vinho que trago
de longe,
a longe
dos olhos ver-te,
do pouco ter-te
em cálice erguido
de brinde apetecido...
Corpo e sentidos
erguidos ao alto
do sonho que rezo...
rezo apenas,
doem-me as mãos,
para as juntar.
E o vento, agreste,
vergou-me o caule
em vénia grotesca,
ofensa gritante
ao gesto de veneração
que não ouso esboçar...
Eis-me...
Cumpra-se em mim
a ternura das palavras,
entre o instinto breve
e a ânsia prolongada
de um toque
desnudo de certezas,
tão vestido de mistérios
gozosos...