Eu cansei da minha gravata
Não vou mais me enforcar
Vou sair do escapamento
Não vou viver pra trabalhar
Meu sapato social virou chinelo
Meu bilhete de metrô virou bandeira
Do castelo de areia que eu fiz na borda
Da piscina de Deus pro meu filho brincar
Eu quero prédios de madeira
Com um terraço verde e lindo
E aviões de bico e pena
De corpos multicoloridos
Meu sapato social virou chinelo
Meu bilhete de metrô virou bandeira
Do castelo de areia que eu fiz na borda
Da piscina de Deus pro meu filho brincar
O metrô sempre tem pressa e sempre tem fome de homens de terno
Ele vai furando a terra sempre em guerra com os ponteiros
E engorda a cada estação, vagão por vagão, e depois vomita
O metrô sempre tem pressa, nunca tem calma, nunca tem vida
O meu corpo sempre tem bossa, foge da fossa e sempre é terno
Ele vai, samba na terra, sempre celebra ao som do pandeiro
E recorda que cada estação tem seu tesão, sua coisa bonita
O meu corpo nunca tem pressa, sempre tem calma e sempre convida