Hoje, Amor, estou sedenta de magia!
Queria ter o dom dos encantadores de serpentes
e apenas com a minha voz
poder trazer até mim
teus olhos vidrados nos meus
Desejava possuir
a lâmpada mágica de Aladino
a quem pediria um presente único para ti...
Belezas que nenhuns olhos viram
maravilhas que ser algum conhece
emoções que alguém jamais sentiu
Palavras nunca ditas
versos por inventar
melodias tão sublimes
que te transportassem às esferas celestiais
dando-te a ilusão
de estares habitando as estrelas
Já te disse, Amor
hoje estou sedenta de magia!
Queria montar contigo um tapete voador
sobrevoar
mares translúcidos cor de esmeralda
desertos quentes de seda e oiro
jardins suspensos de raios de sol
tocar
luas prateadas de pele acetinada
sóis de rubi incandescentes
gotas diáfanas de chuva
ocultas no útero prenhe das nuvens
Queria beber contigo
dos néctares dos deuses
partilhar as suas orgias trancendentais
e, embriagados,
rirmos adoidados do teu rosto estupefacto
injectado de todas as cores do arco-íris
Por fim
banhados de absoluto
atingiríamos os Pólos de brancuras eternas
vestiríamos as túnicas nupciais de gelo e sal
e legaríamos ao mundo
a escultura simbólica do amor imortal!
(Do meu livro "Geometrias Intemporais"
publicado no ano 2000)