CARAVELA
Carmo Vasconcelos
Que hediondo pecado ou dura sina
Te fez réu dessa lei que te incrimina,
Te verga ao jaez de um deportado?...
Sentença mascarada de ventura
À busca de um amor imaginado
E foste caravela à desventura!
Era verde o mar da tua esperança,
Altivas velas, maré de bonança,
Gaivotas saudaram-te à largada...
Mas logo as velas se enrodilharam,
Tremeu o leme, ruiu a amurada,
E as ondas da saudade te inundaram!
O céu desdobrou nuvens de tristeza,
O mar escureceu na incerteza,
E as gaivotas debandaram aos ninhos...
No cais... meu lenço acena à escuridão,
Bordados nele estão nossos carinhos,
Molhado, lembra a dor... separação!
Vestida de negro, cinza os cabelos,
Só da lua tenho mimos e desvelos,
Na minha eterna espera olhando o mar...
Não serás outro Dom Sebastião!
Amada caravela hás-de voltar
Antes que a dor me afogue o coração!
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26/ Junho/08
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