Vai-te asa negra de vinganças
que por meus pecados me castigas
e que sem piedade me obrigas
a viver apenas de lembranças
Por que esvaziaste a minha taça
deixando-me aqui morta de sede?
por que alento já não me concede
tua asa negra que me enlaça?
Só porque bebi a juventude
a tragos vorazes sem rigor
e me embebedei do seu licor
condenas-me agora à quietude?
Vai-te asa negra do castigo
já que o nada que hoje me ofertas
são emoções vagas e incertas...
Deixa-me sofrer a sós comigo!
Cessa o meu tormento, tua glória
esquece-me ou leva-me contigo
pois já é bastante este castigo
de ser de mim mesma só memória!
(In Antologia “Terra Lusíada”–ed. Abrali – S.Paulo, Brasil Julho 2005)