Difíceis Opções
Não sei se há alguma
dignidade no sofrimento,
mas talvez o sofrer
nos mostre dignos ou não.
Dignos de quê?
Dignos para quê?
Após caírem todas as convicções,
a resposta se estreita.
Digno para si, por opção,
por estúpida e tola convicção.
Não escrevo sobre
a dignidade verborrágica
dos falastrões,
daquela que habita, toda lânguida,
os discursos fáceis.
De que dignidade escrevo, afinal?
Daquela que se desconhece,
que se oculta no ninho do coração.
Que não grita, mas murmura
ante os aguilhões da dor.
De que serve? Qual a sua utilidade?
Nenhuma para os olhos
pragmáticos do mundo.
Nenhuma, para aqueles
que a tudo querem
reduzir a tostões.
Então, por que tê-la?
Não julgo ser opção.
Não suponho adquiri-la.
Talvez seja semente
que frutifica em silêncio,
mas antes parece
invadir o nosso ser,
transcender a individualidade,
ser revelação que nada diz.