Lembranças
Nova manhã, raio de sol,
raio de luz aquecendo o corpo.
A janela atua como moldura para a vida,
o cotidiano desenvolve sua trama.
Os veículos ocupam as ruas
e pedestres disputam espaço.
Agitação urbana, o coração da cidade.
No peito bate a máquina cardíaca.
Olhos ávidos, os cotovelos no peitoril,
de algum andar no alto de um prédio,
tudo observa. As horas estão escondidas,
existe uma bênção de paz profana.
O barulho do elevador,
passos rápidos ecoam pelos corredores,
e lá fora passos agitados e caóticos,
um quebra-cabeças de eventos.
E ao fundo de tudo parece haver um olhar.
Sente-se também observado.
Enamora-se pelo momento,
Uma alma feminina deixou vestígios.
Há um sorriso que ficou,
existe um perfume que toma o ar.
Já é dia,
mas a noite é presente pela lembrança.
E a memória cria satisfação,
traz as tintas agradáveis da doce saudade,
traz a voz e inebria aos ouvidos.
Traz o hálito que comunga os lábios.
Dia aquecido, nem frio, nem quente.
Brisa de vento, que se acalmou, bafeja.
E o corpo, instintivamente, recorda carícias.
O toque das epidermes, o toque dos sentidos.
Atrás do relevo de concreto haverá o horizonte.
E hoje o sol está preguiçoso, enleva-se sozinho.
A bola solar a se conduzir em trilha predestinada,
e as horas chamam, mas as lembranças querem ficar.