O Ser e as Bolas

Publicado por: Gilberto Brandão Marcon
Data: 11/06/2009

Créditos

Texto: O Ser a as Bolas Voz: Gilberto Brandão Marcon Agradecimento: Gilberto Hoffmann Marcon
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
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O Ser e as Bolas


Uma bolinha de gude a rolar entre os dedos.
Aguçando as células táteis,
inquietando os pensamentos.
Sensibilizando o cérebro,
desenvolvendo muitas imagens.
Rola pequena bolinha de vidro,
com seu brilho falso de pedra preciosa.
Com sua superfície lisa tocando
o acidentado relevo da geografia mental.
Rola como que rolo compressor,
como força viva cheia da própria onipotência.
Rola singela e pura,
como que os dogmas indigestos
pelas gargantas dos retraídos
Invadindo o passivo e pobre esôfago,
indefeso ante a força ativa do reles cotidiano.
Rola cheia de astúcia,
imitando o mito do “Cavalo de Tróia”,
penetrando no interior,
Explodindo em muitos pedaços,
fingindo-se de presente,
enquanto rouba a saúde.
Fazendo-se mãe de outras
tantas minúsculas bolinhas,
incômodas e ínfimas esferas,
A bolinar a cabeça
daquele que pensa-se poeta,
criando conclusões geniais ou obtusas.
Levando a crer,
que quem nasce bola será sempre bola,
confundindo e intrigando,
Gerando um enigma tão discreto
que é indecifrável,
uma redundante redundância.
Mas que em meio ao caos,
um ponto fixo,
a bola das pupilas dos imensos olhos,
Com suas belas e suaves curvas,
trazendo a lembrança do contorno das montanhas,
Despertando para a inspiração
das mágicas e artísticas curvas do perfil feminino.
Fazendo assim o sentimento ser o feroz feitor da razão,
escravo das doces sensações.
Debelando a criação que desejava ser filosofia
transformando-a em pretensa poesia.
E a poesia transformando o poeta em pintor,
tendo a visão de um quadro de muitas bolas.
Um vivo e constante mesclar de muitas cores,
uma impulsiva atração entre as tantas tintas.
Perdendo-se assim do dia a dia,
perdendo o olhar na visão do céu 
e seu fervilhar de estrelas,
Vendo a imagem da bola planetária
a girar perdida em meio
a tantas outras bolas.
Sentindo que os pés fogem do chão,
pensando ganhar asas que efetivamente não tem.
Ficando obstinado pela importância tão essencial
que esta oculta nestas tantas bolas.
Naquilo que elas têm de ínfimo a contrapor-se a sua impalpável alma mergulhada no infinito.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/04/2009
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T1531517
Classificação de conteúdo: seguro
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