Eu era a praia azul dos teus desejos
onde brincavas qual criança louca
nas minhas dunas inventavas beijos
que escondias no mar da minha boca
E era meu corpo um areal ardente
leito de algas e conchas encobertas
que tu ias tacteando lentamente
beijando curvas macias e incertas
E havia perlas nacaradas de sorrisos
e uma gruta sensual e de magia
forrada de brancuras de narcisos
onde bebias volúpia e fantasia
Porém esquecido à praia não voltaste
e desde então já nada é como dantes
em vendavais de cio derrubaste
os tesouros outrora fascinantes
A praia azul esmaeceu de te esperar
o areal ardente em gelo se tornou
ruíram as dunas secou o mar
e a gruta para sempre se fechou
(In "Geometrias Intemporais")