Essa felicidade me invade. Covarde!
Ludibria minh’alma vazia. Inebria
Sem estampa, me espanta e se agiganta
Seduz e emanando luz, me conduz
Como inocente criança, que tem a esperança
De ficar com o brinquedo, sem medo
De ter que dormir cedo
Ela encolhe e pelas mãos escorre
Como uma massa mole, disforme
Que precisa ser sovada, acariciada
Para em seguida, ser extorquida
E então renascer e voltar a crescer
Transmutada e de novo consagrada
E nesse vai e vem, eu fico bem
Deixo o tempo correr e me deixo viver
Ser feliz é tão tátil e às vezes, volátil
Que agora eu só quero e me esmero
Em seu peito adormecer e esquecer
Que é preciso primeiro viver para depois morrer