A HISTÓRIA DO LENÇO BRANCO
Eduardo Mendonça
OUÇA SEU MOÇO ESTA HISTÓRIA DO PASSADO
DE UM VAQUEIRO MALTRATADO AQUI NESTE INTERIOR.
A VELHA ESPOSA POR ELE MUITO QUERIDA
JA SE ENCONTRA FALECIDA FOI O SEU PRIMEIRO AMOR.
E ESTE VELHO TINHA UM FILHO AO SEU LADO
MESMO SENDO BEM CRIADO SE ACHAVA UM SOFREDOR.
SAIU PRO MUNDO E DEIXOU SEU COMPANHEIRO
O SEU PAI VELHO VAQUEIRO SOFRENDO TAMANHA DOR.
PASSOU O TEMPO E O VELHO JÁ SEM BRILHO
CHORAVA PELO SEU FILHO SEM SABER ONDE ELE ESTAVA.
DE MANHÃZINHA SAÍA PELO SERTÃO
PEDINDO INFORMAÇÃO, SÓ A NOITE ELE VOLTAVA.
ESTA ROTINA REPETIU POR MUITOS ANOS
E CAIU EM DESENGANOS POIS SEU FILHO NÃO ENCONTRAVA.
E AQUELE FILHO, COM ORGULHO E VAIDADE
VIVENDO NOUTRA CIDADE, CERTO DIA SE CASAVA.
PASSOU O TEMPO UM DIA O FILHINHO AMADO
SENTADINHO AO SEU LADO QUÍS SABER SÓ A VERDADE
PERGUNTOU-LHE: QUAL MOTIVO, QUAL RAZÃO
SEU AVÔ DO CORAÇAO NÃO IA LA NA CIDADE?
NAQUELE DIA O REMORSO LHE TOCOU
E PRO VELHO ELE MANDOU UMA CARTA E COM HUMILDADE:
DIZIA: “MEU PAI, ACEITE MINHA BENÇÃO
EU QUERO O SEU PERDÃO, TE PEÇO POR CARIDADE”,
“QUERO SABER SE AINDA VAI ME PERDOAR
QUERO ASSIM QUE EU CHEGAR PODER VER NA SUA MÃO”:
“”UM LENÇO BRANCO ACENANDO PARA MIM
POIS SEI QUE AGINDO ASSIM VOU TESTAR SEU CORAÇÃO.
QUERO SABER O TAMANHO DO SEU AMOR
OU ENTÃO SE O SENHOR NÃO QUER MAIS O MEU PERDÃO””.
E SAIU CEDO, PÔS O CARRO NO CAMINHO
JUNTO COM O SEU FILHINHO FOI REVER O SEU SERTÃO.
VIU NA ESTRADA NUMA GRANDE ESCURIDÃO
UM POBRE DE UM ANCIÃO QUE PASSAVA MUITO MAL.
E SEM DEMORA PEGOU AQUELE VELHINHO
SOLITÁRIO E TÃO FRAQUINHO E LEVOU PRO HOSPITAL.
FICOU FELIZ POR TER FEITO UMA BOA AÇÃO
E VOLTOU LA PRO SERTÃO PASSANDO LA NO LOCAL.
FOI VER SEU PAI, VIU UM RANCHO ESBURACADO
AO LADO TINHA UM CERCADO UMA MANGUEIRA E UM CURRAL.
DE MADRUGADA, ANTES DE NASCER O DIA
NA PORTA ELE BATIA E SÓ VIA ESCURIDÃO.
FICOU OLHANDO UM CACHORRO NUM BARRANCO
E VIU UM LENÇO BRANCO NO PESÇOÇO DESTE CÃO.
UM BOM VISINHO POR ALI JÁ ENCOSTOU
E PRO MOÇO ELE FALOU QUE O VELHO ESTAVA MAL.
FOI PRA CIDADE NESTA MESMA MADRUGADA
CAMINHANDO PELA ESTRADA EM BUSCA DE UM HOSPITAL.
E AQUELE FILHO JÁ BASTANTE COMOVIDO
GRITANDO: MEU PAI QUERIDO ACEITOU O MEU PERDÃO.
SENTIU QUE O VELHO TINHA POR ELE MUITO AMOR
QUE ATÉ ELE COLOCOU UM LENÇO NO VELHO CÃO.
VOLTOU CORRENDO PARA VER O SEU VELHINHO
QUE ERA O MESMO DO CAMINHO QUE ELE VIU NA ESCURIDÃO
MAS CHEGOU TARDE, VIU SEU PAI JÁ SE ACABANDO
LA NA CAMA SEGURANDO UM LENÇO BRANCO EM SUA MÃO.
E ESTE FILHO COM REMORSO E EMOÇÃO
SENTIU O SEU CORAÇÃO ABATIDO COM ESTA DOR.
BEIJOU SEU PAI, NA SUA FACE ENRRUGADA
E COM A VOZ EMBARAÇADA GRITAVA PELO DOUTOR.
O POBRE VELHO COM OS OLHOS JÁ SEM BRILHO
OLHANDO PARA O SEU FILHO, BEM BAIXINHO AINDA FALOU:
“FILHO QUERIDO EU ACEITO O SEU PERDÃO
ESTE VELHO CORAÇÃO MORRE CHEIO DE AMOR”.