Convertido em Poesia
Deixei o clamor por entre as linhas do meu caderno,
O sal das minhas lágrimas,
O heróico sentir da alma a acalmar o corpo,
Verti em palavras as linhas de um mapa indecifrável,
Morri vezes sem conta, e me ergui por entre versos,
Levantando o estandarte da batalha,
Onde luto com as letras, que erguem a minha muralha;
Uma luta sem tréguas, e já perdida sem razão,
Vou contrariando o resultado do jogo,
No escrever que sai da minha mão,
Sujando o olhar, lavando o ódio, ao acaso que alguém ditou,
Uma epopeia sem fim, com um traste que me cegou!
Fica a história e a memória,
Anunciando a chegada de nova investida,
E o reforço dos meus soldados da razão,
Que sem pressa e sem tortura, vão amolecendo o coração,
Vão melhorando a cor e a caligrafia,
Com tons suaves e palavras francas,
Limpam meu Eu, para ficar melhor na fotografia,
A mão levanta a bandeira de uma utopia,
Que me renasce, nos sons de dias cinzentos,
Me cala, mas ideias que me invadem de tormentos,
E os versos seguram meu passo numa poção de alquimia;
Meu mundo se cura, com um pouco de poesia.
Nenúfar 9/11/2008