MARES E MARÉS
Deixo meus pés marcados na areia,
A medo, entardeço, esqueço o caminho.
O mar rouba os traços, desfaço, tropeço,
Perco-me na espuma das ondas que enlaço.
Deixas tuas marcas feridas em mim,
Varas as areias, enredas, arrastas,
Apagas-me os trilhos, os brilhos, e voltas,
Vestes remissão e ordenas perdão...
E eu lambo as feridas, emolduro a dor,
A Este, a vermelho, espelho um por-do-sol,
Refaço o abraço, perfumo o espaço,
E da cor decadente, decanto o alento.
Navego as rotas envolta em brumas,
Esfumo a meus pés pegadas de chuva,
Rolas-me rochedos, impões-me degredos,
Vaivém e maré, eterna pedra primeira...