Palavras
Fecho as palavras que me saem dos sentidos,
E mergulho em momentos tão belos, quanto descoloridos,
As palavras que me denunciam o olhar,
São meras frases, às vezes ditas sem pesar,
Outras os sons da alma, onde teimo em naufragar,
Ou o desenho simples que um encadear de letras,
Representando o amor, mas de todo obsoletas.
Sem fim, tentam preencher o branco da folha,
Que me amedronta a vista, que me prende,
Palavras que me decifram a mente,
Entre o enredo dos versos, onde me faço ausente,
E me escondo no meio dos nenúfares,
Ou de um lago, o mesmo onde fui mago,
E agora, a espaços, me descubro prostrado.
Já olhei as palavras sem poemas,
Já as usei para delinear problemas,
Ou para afirmar a minha identidade,
Ou saber as notícias da minha cidade.
Hoje estas palavras são a minha companhia,
Um doce momento onde me faço herói e derrotado,
Onde descrevo batalhas, que me têm atormentado.
Tenho palavras que são a expressão dos desejos contidos,
A testemunha que dita as razões alma,
E sem querer, tanto me aterra como me acalma;
A palavra que se termina em ponto final,
Ou numa admiração sem igual,
Ou na interrogação do porquê na tortuosa mente,
Que se adivinha, mas não se entende!
Nenúfar 14/7/2008