Vejo o relógio na parede.
Tarde vão as horas a passar...
A cada volta do ponteiro,
Passa o tempo com mais vagar...
Tempo, esse déspota
Que nos sucumbe na demora.
Cria em nós desesperança,
Levando pra longe a alegria
Nossos belos dias da infância.
Passa o tempo devagar...
Enganando os pensamentos.
E, quando nos damos conta,
Quantos anos, quantos tormentos!
Passa, ó lenta caminhada.
Passa, ó rio corrediço.
Busca, no lume do tempo
A luz da minha lembrança,
Os tempos, que em criança,
Não me dava conta de quão lento!
Vai, dono das areias,
Dos desertos ventosos.
Vai. Engole os meus dias.
Mas não tires de mim
Os meus tempos mais zelosos.
Deixa em mim um resquício
Uma sombra que seja... um mimo.
Para que quando me busques, enfim,
Ainda tenha vivo em mim
O meu sonho de menino.
Daniel Amaral
28/05/2007