A flor que te deseja o meu coração
Ofereço-te como uma dádiva predita.
Nos cabelos ponho-te uma pétala infinita
E a te cobrir os cílios, um lampejo de emoção.
Essa flor contida, caprichosa, prestativa,
Vem salvar-me dos horrores imponderáveis
Da solidão do teu corpo que me ofereces em abrigo
Às minhas mãos em estertores miseráveis
Mas, vem de mim essa rosa que cativas
Habita os nefastos desertos do meu peito
E tu repousas a cabeça no meu leito,
Enquanto voam de mim pétalas furtivas.
Se não te ofereço mais rosas cativantes
É porque sou ermo e desolado coração...
Já não brotam dos meus pés na viagem angustiante
Os desejos que pensava ter guardados num salão.
Onde hoje tremula uma cortina negra e maldita
Que dá ao jardim onde as ervas predominam
E os lírios que imaginei, há muito de mim fugiram
Sem a água salvadora do rio que em ti habita
Daniel Amaral
15-03-2008