Desandei a cantar por aqui. Agora, quem me segura?
E dia desses, recebi um mail da poetisa GAIVOTA DOURADA me perguntando se eu conhecia a maravilhosa canção "ONTEM AO LUAR' do violonista CATULO DA PAIXÃO CEARENSE e do flautista PEDRO DE ALCÂNTARA, pedindo para que eu a cantasse.
Nunca a tinha executado.
No momento não me recordava da canção, cujo título desconhecia, e ela gentilmente me mandou um Media Player com a canção na voz de Fafá De Belém. Muitos a gravaram, desde Vicente Celestino em 1918, até recentemente Marisa Monte.
De arrebentar os corações.
Reconheci a melodia SIM, já da época do meu conservatório musical, mas a poesia...é de encantar, muito bem escrita, nunca havia parado para ouvi-la com atenção.
Deus inspirou Catulo e companheiro nessa obra, foi o que senti.
De lá para cá treinei um pouquinho, o tempo é curto para mim, mas confesso que vou treiná-la mais!
A composição é difícil, tem tres capítulos musicias, é pesada em bites e não cabe toda no programa de gravação do recanto das letras, motivo pelo qual não cantei seu trecho final, de mesmo fraseado musical do início da melodia.
Catulo foi um genio da poesia e do violão, que ganhou repecurssão e respeito internacional, nascido no final do século dezenove.
Vale a pena conhecer a vida e a obra desse clássico compositor que enobrece a cultura da nossa música popular, e para o qual devemos reverências.
Aqui está a MAravilha de se estar no recanto.
Graças ao intercâmbio cultural com GAIVOTA DOURADA, pude adquirir incentivo para mais esta canção que fará parte do meu repertório de Boemia... viu Gaivotadourada? Risos.
Obrigada Gaivota pela oportunidade...e desculpe-me as falhas de amadora. Existem tons altos demais para mim...que sou pequena por natureza. Segue a poesia a titulo de exposição das belezas eternas.
Abraços
Mavi.
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Ontem ao Luar
Composição: Catulo da Paixão
Ontem, ao luar,
Nós dois em plena solidão,
Tu me perguntaste o que era a dor
De uma paixão.
Nada respondi!
Calmo assim fiquei!
Mas, fitando o azul do azul do céu,
A lua azul eu te mostrei...
Mostrando-a a ti,
Dos olhos meus correr
Senti
Uma nivea lágrima
E, assim, te respondi!
Fiquei a sorrir
Por ter o prazer
De ver
A lágrima nos olhos a sofrer.
A dor da paixão
Não tem explicação!
Como definir
O que só sei sentir!
É mister sofrer
Para se saber
O que no peito
O coração
Não quer dizer.
Pergunta ao luar,
Travesso e tão taful,
De noite a chorar
Na onda toda azul!
Pergunta, ao luar,
Do mar à canção,
Qual o mintério
Que há na dor de uma paixão.
Se tu desejas saber o que é o amor
E sentir o seu calor,
O amaríssimo travor
Do seu dulçor,
Sobe um monte á beira mar,
Ao luar,
Ouve a onda sobre a areia
A lacrimar!
Ouve o silêncio a falar
Na solidão
Do calado coração,
A penar,
A derramar
Os prantos seus!
Ouve o choro perenal,
A dor silente, universal
E a dor maior,
Que é a dor de Deus.
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais,
Põe o ouvido aqui
Na rósea flor do coração,
Ouve a inquietação
Da merencória pulsação...
Busca saber qual a razão
Por que ele vive, assim, tão triste
A suspirar,
A palpitar,
Desesperação,
A teimar,
De amar
Um insensível coração,
Que a ninguém dirá
No peito ingrato em que ele
Está,
Mas que ao sepúlcro,
Fatalmente, o levará.