OS "SEM TETO"...DE ADONIRAN!

Começo esta minha emocionada homenagem com um dito popular: “Quem canta...seus males espanta”

Sou uma apaixonada pela música e pelo canto.

E em matéria de música eu confesso: “puxo a sardinha” para o anzol da nossa música popular brasileira , porque não acredito que haja em parte alguma do mundo algo que se compare à qualidade e diversidade da nossa música, aliás fato que muito provavelmente se deva ao nosso sincretismo cultural, no qual vários rítmos em miscelânea originam o nosso “toque talentoso” especial e inconfundível.

E quem abre as minhas páginas aqui do recanto, sabe que tento cantar.

E embora tenha estudado canto, sei que estou muito aquém dessa minha intenção.

Porém, tenho usado este espaço para espantar os males e relembrar alguns ícones da nossa música.

Impossível cantar e homenagear a contento ...a tantos!

A história da nossa música é riquíssima.

Mas nos meados do século passado, a produção da música brasileira foi grandiosa, fato que culmina históricamente com a então denominada FASE DE OURO da nossa música, cujo apogeu foi entre 1930 a 1945, época em que o mundo também viveria a segunda grande guerra.

Grandes nomes das letras e das interpretações surgiam no Rio de Janeiro e em São Paulo.

No Rio, um duelo entre Noel Rosa e Wilson Batista, e em São Paulo, surgia Adoniran Barbosa, João Rubinato, nascido em Valinhos aos 6 de Agosto de 1910, descendente de família italiana.

E hoje é dele que em especial quero falar.

Alguém aqui me exclamou: “você é fã do Adoniran,, hein”? E outro reantista: “canta a Saudosa Maloca!”

Sim , sou fã do Adoniran, porque ninguém como ele retratou a cultura e a boemia de São Paulo dos anos “bons”...com tanta fidelidade e emoção.

Talvez meu carinho , em especial por ele, se deva ao fato de eu ser neta de quatro Italianos que imigraram, e por eu Ter presenciado desde criança algumas situações inusitadas descritas nas músicas de Adoniran, como por exemplo a dificuldade que os Imigrantes tinham de fazer a “passagem da língua”.

Adoniran é mais que melodia muito bem composta, de tons maravilhosos, de frases musicais complexas, embora na conotação do popular, possa até parecer que não.

Adoniran é sensibilidade, é irreverência, é simbolismo, é grito, é crítica humorada e inteligente...é ironia...

Adoniram é a poesia que chora.

Ele, é a mais singela homenagem dedicada à nossa querida São Paulo e ao sofrimento dos que "migraram" e também fizeram desse espaço um mundo melhor.

Toda vez que ouço “Saudosa Maloca” na sua ou em outra voz...vou às lágrimas!

Cantando então, a emoção é indescritível. Difícil cantá-la! O fraseado musical varia demais na escala dos tons... perceberão que não tenho voz para Adoniran.

Vou às raias da emoção, talvez porque eu a considere um documento de relato histórico que se perpetuou no tempo real..

“Saudosa Maloca "...continua a ser a voz que ecoa nos filhos do Brasil.

Segue o áudio, dentro do que consegui.