Tabuleiro medieval.
As tochas iluminam a Morte e o cavaleiro
no jogo que prossegue...
Algumas torres se preparam para a morte
outras, não. Enquanto isso, desde o primeiro lance,
os peões tremem.
Sem os peões, o jogo não existe.
O morto no campo de batalha
olha o inimigo ao lado e pensa: O outro morto:
Esse está mais morto do que eu. Você se engana.
A seguir, se quedam calados sobre a terra:
É impossível dialogar com o inimigo.
Atravessamos o milênio, e daí? Eu vejo:
Não vejo qualquer diferença no rio. Acaba de passar
um cardume morto.
Se você pretende atravessar comigo Você consegue ver
neste barco esse outro lado
até o outro lado da linguagem da linguagem?
é mais seguro ir nadando.
Que nada! Parece que o rio vai longe!
Talvez - ainda é tempo - Ou
sábio seja deletarmos rio permanecermos
barco fazendo água no ínfimo
passageiros... do deus
tal os múltiplos
os tantos
ainda aqui
reinventando liras
reinventando perguntas
reinventando o pânico dos antigos.
Pelas ruas, o pânico dos velhos caminha lento...
Minha eternidade pelo reinado de um dia.
Só libélulas são felizes.
As diversas tribos, cada qual balançando
em seu ritmo próprio
vão puxando alegremente a passeata
por aumento de salários.
Meu corpo silicônico absoluto perfeito
não precisa de futuro.Identidade?
Excesso de bagagem, problemas na Alfândega.
Me vendo na TV, no cruzamento da Ipiranga
com a São João.
Na telinha também os meus guris
os demais companheiros
os nossos piolhos
os carros estacionados.
Que belo enquadramento! Estamos ótimos!