Art. VR

 

SERTANEJO

 

 

Valdi Rangel

 

 

Eu nasci no meio do mato

Com os cantos dos pássaros

A me embalar,

Num recanto pequenino,

Cresci ali ouvindo,

O canto do gavião, e do Carcará.

 

 

 

Nasci num lugar do sol quente,

Debaixo das estrelas mais brilhantes,

Numa terra seca, sem enchentes,

 

A minha força, vem da minha gente

Dos seus braços fortes, e potentes

Nas enxadas, a plantar.

 

 

 

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer

Mas sei amar.

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer

Mas sei amar.

 

 

 

Eu sou ondas em ebulição,

Sou verso na canção,

que a minha gente canta.

 

Sou nativo sertanejo do Brasil,

das terras que Cabral, nem ninguém ainda descobriu.

 

Sou alma, sou de fé,

sou trabalho,

Sou romaria, cantiga de viola

e chocalho,

no pescoço do gado, a pastar.

 

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Num sei escrever

Mas sei rezar

 

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Num sei escrever

Mas sei rezar

 

 

 

 

Eu sou ondas em ebulição,

Dos versos na canção,

que o violeiro canta,

 

Sou a sêca, o sol incandescente,

O açude sem água,

se enchendo, na caída,

das penosas lágrimas.

 

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer 

Mas sei dizer, amém

 

Ê êêê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer

Mas sei amar.

 

Eu nasci no meio do mato

Com os cantos dos pássaros

A me embalar,

Num recanto pequenino,

Cresci ali ouvindo,

O canto do gavião, e do Carcará.

 

 

Ê ê êê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer

Mas sei amar.

 

 

Ê ê êê

Ê ê êê,

Vivo a sofrer

Mas sei amar.