Por enorme que seja a minha luta
para fazer um verso de ouro puro,
uma luz que se acenda em meu escuro,
o doce saboroso de uma fruta;
por mais que seja assim, confesso, juro,
forças terei, sem me valer da bruta,
o sonho não me falta, na conduta,
que não falte o saber, nem falte apuro.
Fazê-lo, todavia, é só um sonho,
não tenho esse talento tão medonho,
não, como o têm alguns afortunados.
Apenas gostaria, por desvelo,
ou, talvez, por orgulho, para vê-lo
figurar no painel dos mais sonhados.
Raymundo Salles