O coração esconde, disfarça.
Todavia, as mãos revelam...
Em seu dorso, em sua palma.
As mãos, mais que os olhos,
São mapas da nossa alma.
Cada ruga, cada cicatriz,
Cada pinta, calo ou linha,
É uma história, uma sinfonia,
Um poema, escrito em giz,
Ou em borra de carvão!
Minha história, minha mão...
Aquela marca mais profunda,
Ao lado da outra, de nascença,
Aquela no formato da letra "u"
Começa no dedão e segue ao lado
Foi do cãozinho atropelado.
O "Scooby two", você lembra?
E a outra no indicador?
Quando fazíamos pipa?
Se houve dor, nem lembro.
São traços da nossa vida
Ou garranchos da escrita,
De um momento de amor!
Minhas mãos, palcos da vida!
Ninguém as lê como eu...
Têm seu próprio abecedário
Somente eu e Deus,
Pois são criptografadas
E preparam a despedida
Para estrearem nos céus.
Minhas mãos são meu diário!
As mãos falam de um jeito,
Suas marcas são uma oração.
Talvez por isso no velório,
São postas por sobre o peito,
Para assim, em evidência,
Servirem de petitório,
À Divina Providência,
Conceda, enfim, o perdão.