Acabou, essa coisa de amor não é para mim, não sei o que ele come, vive ou veste, não sei como criá-lo, cultivá-lo, domesticá-lo. Todas as vezes que pensei tê-lo entendido fui jogada ao chão com a força de um furacão, me levou tudo, dinheiro, senso, fé, animo, emoção.
As vezes o sinto dentro de mim, querendo sair, querendo sentir, ser sentido, mas não, isso não é opção, ele não sabe viver nesse mundo insano, é bicho doido, não aceita a vida como ela é ou como lhe impõem que seja.
Se eu não o entendo, quem há de entende-lo por mim? Ele é meu e cabe a mim decidir o que fazer com ele. Sinceramente, eu não sei e ficamos assim, eu fugindo dele e ele fugindo de mim.
Cárcere privado é o que chamam quando se prende alguém sem seu consentimento, mas nesse caso é a única forma de evitar o sofrimento, deixar esse amor livre é pedir para morrer aos poucos ou de pronto, mesmo que esteja tudo bem, tudo certo, tudo perfeito, uma hora a coisa desanda e tudo acaba em dor e pronto.
É meu garoto, se um dia eu te deixar livre, leve e solto acredite que algo em mim não está bem, é provável que esteja com algum parafuso solto, não seria capaz de fazê-lo em sã consciência, na verdade, sabendo do que é capaz, não o faria nem por benevolência.
Não faço isso por maldade, é só questão de dignidade, não posso permitir que sofra ainda mais, ele é frágil, não vai aguentar mais uma desilusão, só quem já sofreu por amor, sabe o quanto dói o coração.
Quem sabe um dia as coisas mudem e eu encontre um lugar seguro onde possa te ver voar, mas até lá não vai rolar, o único lugar seguro é dentro do meu peito, trancado a sete chaves, vivendo do jeito que dá, acabou para você coração sofrido, só nos resta seguir vivendo com o gosto de já ter morrido.