MULHER - Substantivo Feminino Singular.
MULHER - Substância Feminina Singular.
MULHER - Substância Feminina Subjugada.
MULHER - Subsistente Feminina Subserviente.
MULHER - Substrato Feminino Subtraído.
MULHER:
Tantas foram as definições a que te submeteram.
Todas a ti impostas pelo masculino, pretenso plural.
Desde o Livro Santo à mais reles das monografias,
foste sempre um feminino singular,
sem jaça, sem graça.
Aceitastes por milênios o papel secundário,
extraída de uma simples costela macacoide.
Triste figura.
Sempre à sombra de teu macho,
a quem entretanto, sustentavas de pé,
como estaca que sustenta um espantalho.
Criastes teu filho como senhor e proprietário de outra,
que a ti substituiria.
Tuas filhas eram servis,
para imitarem a imagem de mártir que apregoavas.
Vivias subtraída, submergida, sucumbente.
Porém, quanto mais sucumbias, mais levavas de roldão teu lar.
Teus filhos sofriam contigo e aos poucos teu marido te odiava.
A imagem de santa sofrida, constrangia as intimidades com teu parceiro
e aos poucos tornavam-se desprazeirosas e rotineiras.
Envelhecias sonhando com o que poderia ter sido, mas não fora.
Sufocavas em teu peito "um-nao-sei-que" de dor,
que nem era dor.
Era um misto de "sofrer-com-nao-sei-la-o-que",
que a cada dia se tornava pior.
Um dia, acordastes com uma forte dor no peito.
Faltava-te o ar.
A cabeça parecia um redemoinho a esvaziar-te o cérebro.
Sabias que algo não ia bem, que assim não podias continuar.
Tentastes uma água com açúcar, mas foi em vão. Sofrias...
Súbito, como náufrago que resiste as águas, gritastes:
“Chega, não suporto mais viver assim!...
De repente todos tiveram a súbita consciência do teu sufoco e
entenderam que começavas a te libertar de ti mesma.
Sentistes que cederas teu lugar e decidiste recupera-lo.
Dentro de ti começou a brotar a consciência de que:
_ as mártires merecem a fogueira das masoquistas;
_ o sofrimento não engrandece, humilha;
_ o prazer e a alegria te elevam a Deus;
_ teu homem não é teu senhor, mas teu companheiro;
_ ele te respeitará, se tu te respeitares.
Tua luta aos poucos passou a ser como todas as lutas:
Com alegrias e tristezas. Nem mais, nem menos.
Teu valor foi reconhecido, na mesma proporção que te reconheceste.
Deixastes de ser peso morto e passastes a peso operante.
Em pouco tempo fostes Tatcher, Calcutá e tantas outras.
Teus filhos deixaram de ser tua propriedade
e passaram a teus amigos,
sem vícios,
sem o machismo que aniquila,
ou sem o martírio que causa pena.
Teu homem passou a ser feliz
e as guerras diminuíram.
Quiçá deixem de existir,
porque deixastes de ser substantivo,
para ser VERBO.
Teu feminino singular passou a ser feminino PLURAL,
sem que perdesses tua singularidade feminina.
Sê feliz mulher, pilar do mundo!
Sê feliz mulher, hoje e sempre, para o bem do mundo,
que se regozija com o teu despertar!
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Homenagem às Mulheres no seu dia a dia
internacional.
Marcio Funghi de Salles Barbosa
www.drmarcio.com