Ah que saudades eu tenho!
Das noites enluaradas,
Dos dias, das madrugadas,
Da vida no meu torrão.
Do cantar da passarada,
Da minha terra amada,
Das chuvas lá no sertão.
Ah que saudades eu tenho!
Do arrebol, da aurora,
Dos meus tempos de outrora,
Do meu belo Alazão.
Do amor que foi embora,
Da Patativa canora,
Das vertentes do rincão.
Ah que saudades eu tenho!
Dos meus sonhos esquecidos,
Dos meus dias bem vividos,
Que os anos não trazem mais.
Das fogueiras e do lenho
Do açúcar, do engenho,
Em meio aos canaviais.
Ah que saudades eu tenho!
Dos meus tempos de criança,
Do folguedo, da chegança,
Do meu boi, do boi-bumbá.
Do minha viola plangente,
Do canteiro, da semente,
Do pé de jequitibá.
Ah que saudades eu tenho!
Da minha vida na roça,
Do jumento, da carroça,
Dos cafés, do cafezal.
Do vaso de azaléia,
Do perfume da camélia,
Da minha terra natal.
Ah que saudades eu tenho!
De uma boiada na estrada,
Da campina orvalhada,
Do berrante que eu toquei.
Do velho fogão à lenha,
Da rocha firme da penha,
Do laço que eu rodei.