CANTO DA PRAIA (*Corrida)
Ali estava, pés na areia, branca e fina,
em sonhos a sentir a brisa que chegava
do mar. Cenário magnífico. De costas
para a lagoa, imbuía-se da sombra dos
pés de Araçás amarelos.
No pensamento nenhuma dor profunda
sequer melancolia no olhar.
Dia de sol, céu em nuvens a cintilar.
Garças sobrevoavam a procura de algo
para se nutrirem.
Só um canto se ouvia, o bater das ondas
nas pedras a ancorar.
Sabendo que dessa beleza nem sempre
brota alegria, que o ser é carregado
de anseios, inquietudes, há sempre
lugar para desassossego e frustrações.
Naquele fim de verão a olhar o mar,
reversa para a lagoa, imagem refletida
na água doce, ali estancada, nenhum
aceno.
Num sopro silencioso em seus delirantes
hiatos, as horas a resvalar, assim se
lançou às águas esverdeadas do mar.
Ive Leão