Dizem que ao poetar alguma coisa
Há sempre um movimento de elevação.
Parece em minha memória
Aquele amanhecer de inverno na roça
Com uma neblina brindando os primeiros raios de sol.
Das várzeas vai subindo o nevoeiro
Até chegar no cume dos montes.
Poetar o mundo será sempre olhar o horizonte infinito,
Elevar-se do chão,
Da coisa morta,
Dos restos da guerra,
Da miséria de pão.
É chegar ao céu depois de ter pisado a terra.